segunda-feira, dezembro 19, 2005

Kaiser Chiefs

Em termos musicais, os albuns dos ultimos anos dividem-se em dois tipos: aqueles que pegam de estaca e cujo som é imediato, mas que, mais tarde ou mais cedo, nos cansam (BlocParty) e aqueles que demoram a entrar, mas custam ainda mais a sair (Arcade Fire). Employment, o album de estreia dos britânicos Kaiser Chiefs, consegue a proeza de condensar um pouco de ambos. É fácil de ouvir e não cansa. Apesar do nome à bafana-bafana, estes rapazes de Leeds têm muito pouco de zulus africanos, demonstrando um background musical consistente, não deixando escapar influências claras da cena brit-pop, onde, em parte, se encaixam.
Assim sendo, é possível ouvir nestes Kaiser Chiefs, um pouco de Blur, um pouco de Morrissey e dos seus Smiths, a mesma toada dos também recentes Franz Ferdinand, a fluência das musicas dos Beach Boys ou dos também velhinhos Kinks, ou ainda, a inovação estampada dos Clash.
É neste pote de influências próprio da cena britânica que se mexem os Kaiser Chiefs, conseguindo à partida algo que se afigura difícil com apenas um trabalho, e que poucas bandas têm alcançado: definir um som próprio. Sem os artefactos do mundo Pop, de onde se souberam destacar, conseguiram ainda assim alcançar um público mainstream, aliado ao culto próprio da cena alternativa.
Com guitarras agressivas, um piano que se perde no ritmo das musicas e uns backvocals que por vezes lhes conferem um tom after-eighties, os Kaiser Chiefs são também uma banda de singles. A confirmá-lo estão um rítmico Modern Way, um eléctrico Na na na na naa, um épico I predict a riot ou os primeiros singles Oh my god e Everyday I love you less and less.
Numa altura do ano onde, por excelência, se procuram prendas e se oferecem prémios, aqui fica um dos mais sérios candidatos a album do ano. Sem dramatismos, com pragmatismo e muitos pulos. Preparando o cenário musical do rock alternativo eléctrico, e depois de uma estreia auspiciosa, I predict a riot.

NOTA: 9/10