terça-feira, março 28, 2006

Avalanche


Por estes dias, o Teatro Villaret apresenta mais uma peça de teatro no registo cómico intitulada por Avalanche. A produção, como é habitual no espaço, fica a cargo da UAU. O texto é da Ana Bola. Os actores são: a própria Ana Bola, as suas colegas do HermanSic Maria Rueff e Maria Vieira, o Bruno Nogueira e o Miguel Guilherme.
O Teatro Villaret já nos habitou a grandes peças neste registo, é nesta sala que António Feio, José Pedro Gomes, Miguel Guilherme ou Virgílio Castelo costumam exibir todo o seu talento e experiência. Portanto, a expectativa inicial era que a Ana Bola conseguira escrever um bom texto que aliado a uma (improvável) demonstração de qualidade de todos os actores faria um grande espectáculo. Mas o texto é fraco. Primeiro, o enredo em si não é nada de genial. Os momentos cómicos (piadas) são previsíveis, ou por mim ou pelo colega do lado, havendo poucas cenas mesmo inesperadas e que nos apelem à gargalhada. As relações entre as piadas são muitas vezes forçadas. O texto é incoerente, com erros visíveis na história. Foi escrito para aqueles actores, o que possibilita potenciar as vertentes humorísticas, mas que também absorve os gestos estereotipados dos mesmos.
A UAU volta a apostar num efeito visual bastante forte. O cenário é muito bom e estende-se até ao pormenor. Os espaços cénicos estão muito bem conseguidos, os actores têm liberdade de movimentos e a diversidade de recursos que o mesmo apresenta é realmente surpreendente. Se é normal as produções UAU apostarem em cenários tão ricos, não é normal estes serem um destaque no espectáculo.
Os actores (apetece-me comentá-los individualmente, mas em alguns casos estaria a repetir posts anteriores). Divido-os em três grupos: Ana Bola e a Maria Vieira; a Maria Rueff; e o Bruno Nogueira e o Miguel Guilherme.
A Ana Bola e Maria Vieira são fracas. Incapazes de evoluírem na personagem, incapazes de se afastarem do registo do HermanSic, tornando-nos incapazes de sentir que nunca vimos tais gestos ou expressões.
No lado oposto estão Bruno Nogueira e Miguel Guilherme. O Miguel Guilherme é A Minha Referencia #1 e hoje repetiria o post que fiz sobre ele. O Bruno Nogueira, já o elogiei pela soberba capacidade de fazer rir no seu estilo próprio e com uma expressividade corporal única, mas nesta peça ele demonstra algo que ainda não era claro nele: a capacidade de criar uma personagem credível e afastada do seu natural tipo de humor.
A Maria Rueff é para mim um caso que propicia facilmente a discussão. É fácil gostar-se como detestar-se. É verdade que ela é muito boa na irradiação e em dar a réplica, mas eu fico sempre com a sensação que ela não protagonizou os momentos hilariantes das peças que eu assisti. Em conversa com Ultraviolet, chegámos à conclusão que o Herman José fora inteligente em nunca se aventurar muito como actor de teatro, já que é em televisão que ele é o melhor. Não deveria a Maria Rueff seguir o saber do seu mestre?
Em tempos de crise, temos a tendência de avaliar constantemente os investimentos que fazemos. E será que vale a pena gastar 18 ou 20 euros nesta peça de teatro. Para mim? Vale porque o Miguel Guilherme não costuma fazer mais do que uma peça por ano. Vale porque me satisfaz ver o Bruno Nogueira a crescer.

2 Comments:

Blogger SM said...

...o Bruno Nogueira a crescer. :D

www.brunonogueira.blogspot.com

1:07 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

O DESASTRE!!! Texto a deixar muito a desejar para quem já no passado deu provas de fazer MUITO MELHOR!
Representação atribulada... peça má... pontuada aqui e ali de gargalhadas soltas e envergonhadas!
MM

6:40 da tarde  

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